A produtividade e os líderes (parte I)

Muito se tem falado sobre produtividade em Portugal.

Importa diferenciar dois conceitos. A produtividade está relacionada com a produção relevante de um indivíduo em determinado período de tempo.

Para o mesmo período, o trabalho será mais produtivo consoante crie mais valor. E se o esforço e dedicação são controláveis pelo indivíduo, já o valor criado está muito dependente da diferenciação e qualidade do que se produz, ou seja, da inovação e da capacidade das empresas corresponderem às expectativas dos clientes, ou de as superarem. Deixemos a produtividade individual para outro artigo e foquemo-nos na inovação e valor.

Se atendermos aos números, a produtividade de um trabalhador na Irlanda é superior à de um trabalhador em Portugal. Podemos dizer que um trabalha mais do que o outro? Não diretamente. O que se passa é que na Irlanda estão sediadas empresas de Software cuja faturação age como um multiplicador do volume de faturação per capita, aumentado desta forma a produtividade bruta per capita.

O que se vê em Portugal é que embora sejamos capazes de produzir produtos com qualidade, a inovação ainda é escassa, e mesmo quando existe, em boa parte dos casos não se multiplica a criação de valor porque não se explora convenientemente a colocação do produto ou serviço nos mercados relevantes (nacionais ou internacionais). Os setores que têm tido mais sucesso em Portugal, neste âmbito, são aqueles que conseguem criar polos de inovação que estabeleçam uma relação entre a academia, o design e a indústria – veja-se os casos do Centro Tecnológico do Calçado, do CEIIA ou do Health Cluster Portugal.

Esta capacidade de inovar e criar valor, está dependente não só da ação do estado e das associações setoriais na criação de clusters, mas também da visão e liderança das organizações, ou seja, da capacidade de criar produtos e serviços inovadores, e da implementação de estratégias comerciais ambiciosas que permitam colocar os produtos e serviços em mercados internacionais.

Inúmeros diagnósticos já foram feitos sobre esta matéria. Existem vários estudos quer nacionais quer setoriais – veja-se por exemplo o estudo de Porter de 1994. Mas então o que falha para conseguirmos ser mais produtivos? Falha a capacidade de implementação.

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